segunda-feira, 10 de março de 2008
1- SÓCRATES E OS MAMARRACHOS. Há já alguns dias, escrevi: a síntese do Bartoon do Público, de 2-2-2008, relativa à dúvida sobre a autoria dos projectos assinados por José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, é magistral e que passo a plagiar: entre ter assinado projectos, que não fez, e ter sido o autor daqueles mamarrachos, venha o diabo e escolha. A arte diz – melhor, mostra –, em duas linhas aquilo que a prosa de um jornal inteiro não consegue dizer. E di-lo tão profundamente que deixa sem defesa o visado. De facto, qual o pior dos males: o ter, o licenciado em engenharia pela defunta UnI, à data ainda bacharel pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, assinado os mamarrachos que não fez ou ser deles o seu pai verdadeiro ou adoptivo (disjuntiva ainda não desfeita)? No primeiro caso, mente-se, no segundo, “cimenta-se”. A arte da política é esconder, a arte da arte mostrar.
José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, ao defender-se, politicamente, enterrou-se, esteticamente. É feio? Que interessa? Não é eficaz? Dois milhões de portugueses na pobreza, 8% de desempregados, a saúde doente, o insucesso da política educativa e uma classe média a extinguir-se? Que interessa? O défice não está mais magro?
O País, em política de empreitada, está transformado num mamarracho e JSCPS, rodeado de capatazes, o seu autor.
2- A LINGUAGEM DO ROSTO DE SÓCRATES. No debate quinzenal, na Assembleia da República, enquanto Santana pedia a Sócrates que confirmasse, na casa da democracia (tão mal frequentada que corre o risco de virar casa de outros interesses), se era ou não autor dos projectos das casas construídas na Guarda, o rosto de Sócrates falou melhor e mais alto do que as suas palavras.
À medida que o questionamento de Santana ia sendo recebido por José Sócrates, o animal político feroz, fervendo de cólera e nervosismo, soltava-se, moldando-lhe o rosto: corpo tenso, tronco e cabeça semi-inclinados, lábios contraídos, olhar, amedrontador, de baixo para cima, em posição de defesa e pronto a investir; corpo rígido, músculos faciais saídos, em movimentos de sístole e diástole coléricos, lábios fechados com força e cenho franzido, pupilas dilatadas, de cólera; caretas e mais caretas, trejeitos e mais trejeitos, morder e contorcer dos lábios, de nervosismo.
Depois, a investida verbal, que ficou, em tudo, muito aquém da gestual. Corporalmente, desancou em Santana, verbalmente, repetiu-se. A pior coisa que se pode fazer a Sócrates é questioná-lo sobre aquilo que for. Inquestionável, transforma as questões em ataque pessoal! Ao grotesco Cavaco do bolo-rei sucedeu a hybris corporal e verbal de Sócrates.
SÓCRATES E A CICUTA. A morte política de Sócrates já começou. A fase sofista chegou ao fim. Ao contrário dos lacraus e das víboras, a quem a natureza lhes deu o veneno como arma de sobrevivência, nos humanos, o veneno vira-se, sempre, contra o seu portador. Sócrates não precisa de ser condenado: ele auto-condena-se. Não é preciso obrigá-lo a beber a cicuta. A cicuta de Sócrates é Sócrates.
José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, ao defender-se, politicamente, enterrou-se, esteticamente. É feio? Que interessa? Não é eficaz? Dois milhões de portugueses na pobreza, 8% de desempregados, a saúde doente, o insucesso da política educativa e uma classe média a extinguir-se? Que interessa? O défice não está mais magro?
O País, em política de empreitada, está transformado num mamarracho e JSCPS, rodeado de capatazes, o seu autor.
2- A LINGUAGEM DO ROSTO DE SÓCRATES. No debate quinzenal, na Assembleia da República, enquanto Santana pedia a Sócrates que confirmasse, na casa da democracia (tão mal frequentada que corre o risco de virar casa de outros interesses), se era ou não autor dos projectos das casas construídas na Guarda, o rosto de Sócrates falou melhor e mais alto do que as suas palavras.
À medida que o questionamento de Santana ia sendo recebido por José Sócrates, o animal político feroz, fervendo de cólera e nervosismo, soltava-se, moldando-lhe o rosto: corpo tenso, tronco e cabeça semi-inclinados, lábios contraídos, olhar, amedrontador, de baixo para cima, em posição de defesa e pronto a investir; corpo rígido, músculos faciais saídos, em movimentos de sístole e diástole coléricos, lábios fechados com força e cenho franzido, pupilas dilatadas, de cólera; caretas e mais caretas, trejeitos e mais trejeitos, morder e contorcer dos lábios, de nervosismo.
Depois, a investida verbal, que ficou, em tudo, muito aquém da gestual. Corporalmente, desancou em Santana, verbalmente, repetiu-se. A pior coisa que se pode fazer a Sócrates é questioná-lo sobre aquilo que for. Inquestionável, transforma as questões em ataque pessoal! Ao grotesco Cavaco do bolo-rei sucedeu a hybris corporal e verbal de Sócrates.
SÓCRATES E A CICUTA. A morte política de Sócrates já começou. A fase sofista chegou ao fim. Ao contrário dos lacraus e das víboras, a quem a natureza lhes deu o veneno como arma de sobrevivência, nos humanos, o veneno vira-se, sempre, contra o seu portador. Sócrates não precisa de ser condenado: ele auto-condena-se. Não é preciso obrigá-lo a beber a cicuta. A cicuta de Sócrates é Sócrates.