terça-feira, 8 de agosto de 2006

A DESTRUIÇÃO DO PAÍS DOS CEDROS

Dói-me a destruição do Líbano – o País do Cedros –, por parte do sionismo, como me dói a ocupação da Terra de Entre-os–Rios (Mesopotâmia), hoje o Iraque, por parte dos yanques. Na Mesopotâmia, nasceu a Civilização e de Ur partiu Abraão em demanda da Terra Prometida. No País dos Cedros – de cedro do Líbano eram as madeiras do Templo –, nasceu o alfabeto e de Biblos, Sídon, Beritus e Tiro partiu para todos os portos do Mediterrâneo antigo e, depois, para todos os livros e escolas do Mundo. Sídon, Beritus (Beirute) e Tiro, cidades da Humanidade, vejo-as, hoje, bombardeadas por Fantons, por canhões, armas inteligentes e bombas de fragmentação, pelo povo eleito de Javé! Quem bombardeia a História como pode ser sensível à morte de inocentes, à destruição de um país e à deslocação de milhões de civis? E não deixo de ficar temeroso pela aliança judaico-americana e pela vigilância pidesca do Echelon de Cias e Mossads! E quando penso que, ontem, a Alemanha, apesar da sua cultura e de ser uma das pátrias do Iluminismo (Aufklärung), se atreveu a julgar-se o povo eleito pela biologia, mais receoso fico quando vejo a nova versão de povo eleito por Deus – e por ele mandatado para evangelizar o Mundo com a “sua” democracia – e a velha versão do povo eleito por Javé unidos e metidos no mesmo barco. E não me venham com a conversa, falsa, de que o culpado foi um tal Hitler e que agora é um tal Bush! Tal como uma andorinha não faz a primavera, um só homem não faz, para bem ou para mal, a História. Temo, civilizacional e historicamente, mais o nacionalismo, religiosamente, fundamentado de algum Ocidente do que o fundamentalismo religioso de algum Oriente! O Ocidente, rico, vive no fundamentalismo do não fundamento: na “utensialização” da razão, no vazio e nos céus da efemeridade. O Oriente islâmico vive no fundamentalismo religioso: cheios de céu, porque no inferno. Quem, na realidade, são os Estados fora-da-lei? Os EUA não invadiram o Iraque, à revelia do direito internacional e da ONU, e Israel não invadiu o Líbano como invade e ocupa a Palestina, e sem nunca ter cumprido qualquer resolução da ONU? O Terror são os outros. Eles os arautos da Civilização!

Israel pode ser o Estado mais bélico por metro quadrado do mundo, mas os outros só podem ter fisgas. Hoje, quem o Golias e quem o David? Os EUA podem armar, do melhor, Israel, mas o Irão ou outro país não pode armar com uns “foguetes” os palestinianos ou o Hezbollah (Partido de Deus). O que salva o Mundo da materialização imperialista, por parte dos EUA, é o facto de eles não terem o exclusivo das bombas nucleares. Assim, ficam pelo domínio relativo do globo, mas não pelo absoluto. Os EUA realizaram o «fim da História» e das ideologias, ou seja, fecharam-na. Hoje, não há política: a Ocidente, as ideologias estão mortas; no mundo islâmico, porque sem democracia nem pensamento político, fizeram da religião o seu marxismo e da guerra santa o seu proselitismo internacionalista revolucionário. O Mundo está sem pensamento e sem princípios, sem princípios!, seja na vida individual, na nacional ou na mundial. Este o cancro com metáteses globais que tudo está a minar e a comer. A comer-nos.

Onde está Barroso, que nem se vê? Coitado! Onde está Xavier Solana, que não se vê o que anda a fazer? Pobrecito! Onde está a Europa? A França anda por um lado, a Alemanha por outro, e Blair por Bush! Os outros países nada riscam! Eis aos olhos de todos a razão por que o Tratado da Constituição Europeia ficou no início do caminho! E se esta agressão israelita foi pensada, preparada e planeada, juntamente com os EUA, por que razão a Europa se sentou, em Roma, à mesma mesa para discutir o cessar fogo? Como diz o ditado: não é tão ladrão o que vai à horta como o que fica à porta? Os EUA só aceitarão qualquer cessar fogo quando os objectivos de Israel forem atingidos. Ou quando a «raiz do problema», como dizem, for eliminada. E como era importante, para o Mundo, uma Europa com uma voz política internacional com princípios, determinada e única. A melhor forma de acabar com a guerra é tornar património da Humanidade a Mesopotâmia, a Palestina, Israel, o Líbano, o Egipto, a Turquia e a Grécia.