sábado, 17 de fevereiro de 2007

“QUADRO DE HONRA” PARA PROFESSORES

A ministra regente da educação, a sr.ª Maria de Lurdes Rodrigues, com respeito pela regente que tive no tempo da ditadura, depois do primeiro acto – o ter voltado a opinião pública contra os professores, responsabilizando-os de tudo o que de mal está na escola pública e amesquinhando-os publicamente, branqueando, assim, toda a política educativa do “centrão”, feita e desfeita por trinta anos de reformas e contra-reformas, ao prazer deste e daquele ministro da educação (dois exemplos actuais: a desvalorização da filosofia e a polémica sobre a TLEBS, que, como no passado, faz dos alunos cobaias, e sem uma palavra da ministra) e de uma péssima formação de professores de que os diferentes ministros da educação e respectivas Universidade são os principais responsáveis – depois do primeiro acto, dizíamos, encena o segundo: para o melhor da Turma de 140 mil, um prémio monetário – 25 mil euros, cinco mil contos em moeda antiga! Depois de “acanalhar” os professores, o rebuçado para o melhor da Turma! Maria de Lurdes reúne, além de outras, duas virtudes: à maneira “inferior” como muito do ensino superior olha os ensinos básico e secundário junta a «razão do poder», suportada em tudo o que é Grande Imprensa falada e escrita. A notícia do Público, sobre o “quadro de honra”, era suportada por uma “caixa” jornalística e pelos “exemplos” do ensino público americano (degradado!) e do inglês, que para lá caminha. Como era interessante saber o curriculum escolar da ministra e de Sócrates, entre outros, e ouvir os seus professores para sabermos que traumas e recalcamentos estão na origem deste comportamento. Ora, aqui está um bom tema de investigação psicanalítica!

E se não nos espanta a comédia – escolher o melhor professor entre 140 mil e de áreas e sectores tão diversos! –, espanta-nos, sim, ver Daniel Sampaio prestar-se, como presidente do júri nacional, acompanhado de Roberto Carneiro, de António Nóvoa e de Isabel Alarcão (tudo gente superior e/ou do superior!), a fazer parte do teatro, quando o que o júri devia investigar era não só a razão por que a excelência está arredada das escolas, mas também as políticas educativas do “centrão” e os ministros delas e por elas primeiros responsáveis. Mas nada que já nos espante: se o psiquiatra Lobo Antunes se passou, com toda a naturalidade, de Sampaio para Cavaco, como Daniel não aceitar o convite de Maria de Lurdes, sem precisar de se passar? Como é, no mínimo, sadismo político colocar Roberto Carneiro num júri nacional que pretende trazer a excelência às escolas, quando ele é um dos maiores responsáveis pela sua quebra e partida: a abertura do ensino superior privado sem regras, nem rigor (onde muitos políticos do centrão tiraram ou acabaram os seus cursos, escudados na política), orientando-se, na maioria dos casos, pelo economicismo. E quanto a António Nóvoa – reitor da Universidade de Lisboa – o seguinte: aquele que, entre outros (reitores das Universidades), não teve resposta à altura, no programa de «prós e contras», na RTP 1, para combater a crítica feita pelo “assessor” do ministro Mariano Gago, o professor Luís Moniz Pereira, investigador da área da inteligência artificial – os reitores têm andado a «coçar as costas» (mutatis mutantis), em lugar de reformarem as Universidade –, é o mesmo que é escolhido para dar cobertura às costa da ministra: as costas grandes continuam a ser as do ensino “inferior”!

Como a afirmação da ministra – «devolver ao País a excelência da actividade profissional dos professores» – e o meio apontado para o conseguir fazem, apesar dos acompanhantes no cortejo, de um assunto sério, digno e elevado, uma anedota! E por que não Mariano Gago propor um “quadro de honra” para cada Universidade para sabermos, também, da excelência de Maria de Lurdes? E de outros. Muitos...